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A perigosa romantização do suicídio assistido

Atualizado: 27 de jan. de 2021

Olá,

Pesquiso autonomia no fim da vida há mais de 10 anos e nos últimos três tenho pesquisado com mais ênfase questões relacionadas ao suicídio assistido e à eutanásia. Sou uma pesquisadora inquieta e, por vezes, não me contento apenas com leituras científicas. Preciso ouvir as pessoas, visitas os lugares, entender as realidades. Por essa razão, fui a Suíça duas vezes nos últimos dois anos, conhecer organizações que atuam em prol do suicídio assistido.

Estive na Dignitas em setembro de 2017 e na LifeCircle em maio de 2018. Eu não era uma curiosa ali, porque eles não recebem curiosos. Eu era uma pesquisadora com comprovadas pesquisas no tema em busca de melhor entendimento.

Essas suas experiências me marcaram muito e quem me acompanha por aqui certamente leu meus posts sobre o tema. Eu vi beleza nessa escolha, mas vi também sofrimento, técnica, cuidado e acolhimento.

Mas também colho “frutos” dolorosos dessas visitas e das minhas pesquisas. Desde 2017 recebo inúmeros pedidos de ajuda de pessoas que desejam cometer suicídio assistido… na Suíça ou clandestinamente. Pedidos esses que me causam enorme angústia e sofrimento.


Portanto, gostaria de pontuar algumas coisas:

1. A escolha pelo suicídio assistido precisa ser precedida de um longo trabalho de autoconhecimento, inclusive com acompanhamento psicológico.

2. O suicídio assistido afeta não apenas quem morre, mas todos os seus entes queridos.

3. A vinculação vazia do suicídio assistido ao envelhecimento populacional é perigosa.

4. Nenhuma lei no mundo é capaz de acabar com a discussão e nem de obrigar qualquer a pessoa a submeter-se à prática. O tema tem nuances na moralidade, na filosofia, na religiosidade, na espiritualidade, na Medicina, na ética e em inúmeras outras áreas.

5. A defesa do suicídio assistido precisa ser desvinculada da romantização da morte, sob pena de cairmos em uma verdadeira apologia ao suicídio – “não assistido”.

Por fim, é verdade que sou favorável à autonomia do paciente em fim de vida em todas as possibilidades: eutanásia, suicídio assistido, ortotanásia e distanásia. Contudo, é também verdade que abomino toda e qualquer espetacularização dessas práticas. Vocês querem discutir suicídio assistido? Vamos lá! Mas antes disso, é preciso conhecer muito bem as inúmeras questões adjacentes ao tema. Qualquer coisa diferente disso é marketing, é mídia, é leviandade. É produto de uma sociedade que vive de manchetes, likes, seguidores e tweets.


Abraço,

Luciana.

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